segunda-feira, 22 de julho de 2013

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As pesquisas realizadas mostraram que os alunos possuem concepções sobre óptica e estas concepções se iniciam em um período inferior, ao inicio da idade escolar, isto foi possível constatar na entrevista com os alunos, principalmente, na questão referente à vela. Estes conceitos desenvolvidos consistem em uma fonte de resistência, tornando-se um obstáculo na aprendizagem.
Desta forma desenvolvi a seguinte teoria, segundo a qual a mudança conceitual nos indivíduos se assemelharia à mudança de paradigma na ciência, proposta por Kuhn (2003). Desta forma procurei relacionar a mudança conceitual como mudança de paradigma. Para isto utilizei uma sequência de aulas para que o aluno pudesse mudar os seus conceitos espontâneos sobre óptica para os conceitos científicos, desta forma estaria fazendo com que o aluno, produzisse a sua “revolução científica”. Estás aulas foram desenvolvidas de tal forma que as concepções dos alunos fossem expostas a contra exemplos, pois desta forma, assim como na teoria descrita por Kuhn, as anomalias (observações que contradiziam o paradigma vigente) eram fatores importantes que impulsionavam a mudança de paradigma. Desta mesma forma as concepções apresentadas pelos alunos perderiam força, enquanto os conceitos científicos ganhariam força.
Entretanto no desenvolvimento dos trabalhos foi possível perceber que somente este modelo não seria suficiente para mudar os conceitos alternativos. Poderia ainda destacar que o uso de estratégias de conflito são necessárias para criar insatisfação com concepções não científicas, mas não são suficientes para promover mudanças estruturais nos conhecimentos dos estudantes. Pois este modelo proposto não leva em consideração as questões afetivas. Desta forma existe uma persistência das concepções alternativas às estratégias de mudança conceitual. Em outros casos a mudança conceitual é momentânea, pois em certas situações as mudanças conseguidas nas concepções dos estudantes em um momento reaparecem em um período de tempo muito curto. Assim a relação entre a mudança de paradigmas na comunidade científica ao longo da história da ciência e a mudança na organização das concepções alternativas dos alunos não são tão evidentes. Foi possível notar também, que as concepções dos alunos não possuem as características de um paradigma (no sentido atribuído por Kuhn), pois a linguagem professor aluno é diferente da linguagem cientista, isto foi possível de ser notado na grande dificuldade que os alunos tem de entender conceitos básicos como; retilíneo e oblíquo, desta forma para um melhor desempenho seria necessário uma melhor estrutura didática para superar estas barreiras.
A visão de mudança conceitual pressupõe que o conhecimento prévio deve ser banido, eliminado para que um novo conhecimento: cientifico possa ser instalado no aluno. Entretanto o que foi possível notar é que o aluno, em alguns casos, construiu para os conhecimentos científicos que estava sendo estudado, uma versão alternativa que mistura o conceito científico com o conceito espontâneo, que embora ele não perceba, é totalmente sem sentido na linguagem cientifica. Essa nova versão alternativa tona-se muitas vezes parte do conjunto de ideias em que o aluno acredita; desta forma ele representa muitas vezes o cientifico com uma visão equivocada, desta forma ele é capaz de acertar determinadas questões e errar outras onde se usa o mesmo conceito como as questões um (1) e dois (2).
Outro fato importante a se relatar com relação aos alunos, apesar de não aparecerem nos testes, mas podendo ser facilmente constado na entrevista é que embora esteja evidente que os alunos possuem concepções prévias sobre óptica, há também o caso que existe a ausência de concepções a respeito de um determinado conteúdo cientifico. Isto foi possível constatar, quando fiz a seguinte pergunta para um aluno: O que é a luz? Com está pergunta foi possível notar que ela não tinha a mínima noção do seria a luz, tanto que ela não me deu resposta alguma. Então para uma analise futura, me pergunto o que ocorreu com as concepções, dos alunos que não tinham concepções alternativas, será que uma aula tradicional, onde não tivesse como objetivo a mudança conceitual os resultados não seriam melhores. Além disso, será que a ausência de concepções pode de algum modo dificultar as atividades em que os alunos são solicitados a propor hipóteses.
 Assim depois de uma analise clítica, do processo em que deveria ocorrer uma mudança conceitual, da mesma forma em que ocorre uma revolução cientifica, foi possível notar que as estratégias usadas, para obter os objetivos foram pouco efetivas e que os alunos não abandonam concepções anteriores quando constroem concepções novas em alguns casos existe somente uma mistura e as duas concepções começam a habitar o mesmo individuo. Foi possível notar ainda, que certos alunos, davam uma determinada resposta, não por acreditarem nesta resposta, mas por que era a “resposta do professor” e desta forma após um curto período de tempo voltavam a usar os conceitos espontâneos. Foi possível ainda perceber exemplos de situações em que os alunos, ao invés de terem sofrido mudanças conceituais, adquiriram concepções novas que passaram a coexistir com as anteriores, como no caso das questões cinco, seis, sete, oito e nove onde ele usa o conceito de deslocamento retilíneo da luz para resolver ao mesmo tempo em que usa o conceito espontâneo da luz fazendo curva para resolver a questão dez. Este fenômeno contribuiu para varias interpretações no teste, que somente foi solucionada após a entrevista.
Desta forma é possível notar que independentemente da ocorrência ou não de mudanças de natureza conceitual, a aprendizagem de conteúdos de física é um processo que requer construção e reconstrução de conhecimentos. A reconstrução sucessiva se torna necessária, a meu ver, porque os alunos, ao receberem um conhecimento o constroem fazendo adaptações aos seus conhecimentos já existentes e desta forma apresentam diferentes graus de dificuldade em interpretar as informações veiculadas em aula de modo a construir conhecimentos científicos. Outro fator a se levar em consideração é a formação de professores de física, como visto anteriormente, a sua grande maioria é composta por professores originalmente composta por professores que possuem em sua origem a formação em matemática, isto impossibilita que muitas vezes seja feita uma discussão conceitual da física e o conteúdo fica quase que exclusivamente no campo da matemática.
O grande objetivo do trabalho era possibilitar a mudança conceitual, entretanto não foi possível, mas devo salientar que o aluno, no fundo se comportou como um cientista normal que não troca as suas teorias pelas as novas. Talvez isto ocorreria se a física começasse a ser ensinada no ensino fundamental desta forma os conceitos científicos começariam a desenvolvidos antes dos conceitos alternativos, pois se analisarmos os conceitos científicos é um conceito recém descoberto e o conceito espontâneo é um conceito com anos de tradição e isto faz a diferença  

Referências Bibliográficas
Cad.Cat.Ens.Fis.,Florianópolis, v.9,n.2: p.157-163, ago.1992. Gaspar
AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São
Paulo: Moraes, 1982
Santos, Roberto Vatan dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem. Revista Integração, Jan/Fev/Mai. 2005, Ano XI, nº 40, p. 19-31.
Notas sobre os fundamentos do behaviorismo- Josele Abreu Universidade de Brasília
Kuhn, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. 7 ed. São Paulo:
Perspectiva, 2003. Tradução Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. Título original: The Structure of Scientific Revolutions. Data de publicação original: 1969.
Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos?
Eduardo Fleury Mortimer pp.20-39, 1996
Cad.Cat.Ens.Fis., v.10,n.3: p.220-234, dez.1993.
Cad.Cat.Ens.Fis., v.10,n.3: p.220-234, dez.1993.
Cad.Cat.Ens.Fís., v. 18, n.1: p. 26-40, abr. 2001.






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