A OBRA DE THOMAS KUHN
Como
dito anteriormente na minha ultima postagem, este trabalho tem como objetivo fazer uma relação entre o
conceito de revolução cientifica tal como proposto por Kuhn (2003) e os conceitos alternativos que os alunos apresentam no
desenvolvimento do ensino médio. Farei, assim, uma pequena síntese do trabalho
de Kuhn para melhor compreender a relação entre a revolução cientifica de Kuhn
e as concepções espontâneas apresentado em sala de aula.
Segundo Kuhn o cientista a princípio prática a
ciência normal. Esta ciência normal é baseada em pesquisas e em realizações
científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas durante algum tempo
por alguma comunidade científica especifica como proporcionando os fundamentos
para sua prática posterior. Kuhn (2003, p.29).
Exemplos de ciência normal são a A Física de
Aristóteles, o Almagesto de Ptolomeu, os Principia e a Óptica de
Newton, a Eletricidade de Franklin, a Química de Lavoisier e a Geologia
de LyeJl esses e muitos outros trabalhos serviram, por algum tempo. Ou
seja, a ciência normal tem um prazo de validade e este prazo de validade
depende de quão competente ela é para resolver os problemas para ela
apresentados.
Segundo Kuhn (2003), paradigma é um conjunto de
ideias que se perpetuam durante um determinado tempo em uma comunidade
cientifica, estas ideias se estabelecem da seguinte forma: existe uma fase
chamada de pré-paradigma nesta fase o paradigma é examinado e testados por toda
a comunidade cientifica. Esta é uma parte importante para a constituição da
ciência normal, pois, após o período de testes, o paradigma é totalmente aceito
e não se discute mais. Então sempre que houver alguma decisão sobre qualquer
assunto este paradigma deverá ser consultado, como Kuhn (2003) deixa claro:
Ao empreendê-la, o historiador deve comparar entre
si os paradigmas da comunidade e em seguida compará-los com os relatórios de
pesquisa habituais do grupo. Com isso o historiador visa descobrir que
elementos isoláveis, explícitos ou implícitos, os membros dessa comunidade
podem ter abstraído de seus paradigmas mais globais, empregando-os
depois em suas pesquisas. Quem quer que tenha tentado descrever ou analisar a
evolução de uma tradição científica particular terá necessariamente procurado
esse gênero de princípios e regras aceitos. Kuhn(2003: p 68).
Desta forma, depois que termina o teste em nenhum
momento posterior o cientista contesta o paradigma. Sempre que surge alguma
duvida ele procura encaixar o seu experimento a um paradigma existente, mesmo
que este não seja uma unanimidade.
A falta de uma interpretação padronizada ou de uma
redução a regras que goze de unanimidade não impede que um paradigma oriente a
pesquisa. Kuhn(2003: p.69).
Ao lado existe uma bela representação do é um paradigma, mas voltando a Thomas Kuhn.
Nesta fase o paradigma cresce graças a influencia
criada por jornais, revistas e livros especializados, sociedade profissional,
disciplinas curriculares, manuais. Assim a ciência normal se fortalece criando
uma série de regras, de tal forma que não existe mais, em determinado momento,
o debate sobre as soluções encontradas, somente as aceitam-se.
Os cientistas trabalham a partir de modelos adquiridos
através da educação ou da literatura a que são expostos subsequentemente,
muitas vezes sem conhecer ou precisar conhecer quais as características que
proporcionaram o status de paradigma comunitário a esses modelos. Kuhn (2003:
p. 67).
Depois de se estabelecer, a ciência normal está
baseada na pesquisa normal. A pesquisa normal tenta fazer previsões com base na
ciência normal e fazer novas aplicações para a ciência normal. Com isto ela
cria um grande sistema de coleta de dados, como uma série de medidas, que são
comparadas com a teoria, fortalecendo o paradigma. Caso estas medidas não
estiverem de acordo, são descartadas ou postas de lado. Esta é a forma mais
comum de resolução dos problemas referentes ao paradigma.
A ciência normal ,segundo Kuhn(2003), oferece
problemas com solução possível, motivando o pesquisador e evitando problemas
muito complexos. Por este motivo, a ciência normal é capaz de crescer e se
estabelecer. Fazendo uma análise, percebe-se que a ciência normal tem como
principal objetivo confirmar suas próprias teorias e não testá-la em novos
campos científicos. Assim, o efeito acumulativo é enorme, desta forma a ciência
normal se preocupa em resolver alguns problemas. Entretanto, alguns fenômenos
que não se encaixam no paradigma dominante são descobertos periodicamente pela
pesquisa científica.
A ciência normal, atividade que consiste em
solucionar quebra-cabeças, é um empreendimento altamente cumulativo,
extremamente bem sucedido no que toca ao seu objetivo, a ampliação contínua do
alcance e da precisão do conhecimento científico. Em todos esses aspectos, ela
se adéqua com grande precisão à imagem habitual do trabalho científico. Kuhn
(2003, p77).
Os fenômenos não explicados pelo paradigma em voga são
conhecidos como anomalias, são deixados de lado pela comunidade cientifica. Entretanto,
em determinado momento ocorre um avanço devido a algumas mudanças em
procedimentos causados principalmente pelo fracasso de regras já existentes. Desta
forma se faz necessária a existência de novas regras.
Tal avanço somente foi possível porque algumas
crenças ou procedimentos anteriormente aceitos foram descartados e,
simultaneamente, substituídos por outros. Kuhn(2003, p 93).
Para que ocorra o surgimento de novas regras, o
paradigma percorre o seguinte caminho: primeiramente constata-se uma
discrepância entre teoria e realidade, que Kuhn(2003) chama de anomalia. Para
tentar corrigir está anomalia, o cientista normal tenta fazer um ajuste ou
correção. Se conseguir o paradigma continua soberano. Se os ajustes não forem
satisfatórios, ocorre neste momento a proliferação de teorias competidoras,
este período é conhecido como período de crise. Neste período é um momento
crucial, pois é marcado pelo questionamento da teoria predominante.
A emergência de novas teorias é geralmente precedida
por um período de insegurança profissional renunciada, pois exige a destruição
em larga escala de paradigmas e grandes alterações nos problemas e técnicas da
ciência normal. Kuhn(2003, p95).
Uma teoria concorrente surge em meio a várias
outras. Então, na medida em que a crise se aprofunda, muitos desses indivíduos
comprometem-se com alguma teoria para a reconstrução da parte da ciência
atingida.
Tornando-se uma sociedade cientifica dividida,
alguns cientistas procurando defender a velha ciência normal e outros tentando
estabelecer uma nova ciência é a revolução científica. Kuhn (2003) faz um
paralelo entre revoluções políticas e revoluções científicas, afirmando que
aparece um sentimento crescente, restrito a um grupo da comunidade, de que as
instituições, no caso das revoluções políticas, ou os paradigmas, no caso das
revoluções científicas, deixaram de funcionar adequadamente. Ainda comparando
revoluções políticas e científicas, Kuhn afirma que elas podem ser localizadas.
As revoluções políticas e científicas, em um caso e
em outro, visam realizar mudanças, que são proibidas pelas instituições, no
caso político, ou pelos paradigmas, no caso das ciências. A importância da
crise se deve ao fato de que os membros da comunidade são levados a escolher
novas instituições ou paradigmas, usando como meio de ação a força ou a
persuasão.
Após reprovar o velho paradigma, e tudo que está
ligado a ele, e escolher um novo paradigma a comunidade cientifica começa mais
uma vez a produzir todo o material cientifico necessária para a solidificação
do novo paradigma. Logicamente este novo paradigma deve dar conta da anomalia
que gerou a crise assim como todos os fenômenos que o antigo paradigma era
capaz de resolver. Novo paradigma assume desta forma, o status de ciência normal. E segundo Kuhn(2003) o resultado final é uma sequencia
de seleções revolucionárias, separadas por períodos de pesquisa normal, é o
conjunto de instrumentos notavelmente ajustados que chamamos de conhecimento
científico moderno. Se fossemos fazer um resumo do trabalho de Kuhn através de um fluxograma poderíamos fazer através da figura.
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